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“Viajar nos sons da memória”

Trio Pedro Caldeira Cabral
(Pedro Caldeira Cabral, Joaquim António Silva e José Pedro Caiado)

7 de Junho, Teatro Paulo Quintela, 21.30,

“Desde a década de 1970 que vimos chamando a atenção do público e das entidades responsáveis para a riqueza e diversidade da nossa organologia musical popular tradicional, no contexto das expressões artísticas que enquadram a definição das caracteristicas identitárias do nosso país.Este património, de inegável valor cultural, encontrava-se na década de 1960 em forte risco de extinção, não fora os trabalhos pioneiros de Michel Giacometti e Ernesto Veiga de Oliveira [OLIVEIRA 1966,1982,2000]  ao qual nos juntámos na década seguinte em colaboração regular, no quadro de actividades no Museu Nacional de Etnologia e a titulo individual na revisão e reedição do livro a que fazemos acima referência. O interesse que a música tradicional portuguesa vem despertando nas últimas décadas entre o público de camadas etárias mais jovens, oriundas muitas vezes dos meios urbanos e com elevada formação escolar, levou-nos a uma reflexão sobre as dificuldades que este mesmo público encontra  na obtenção de informação prática sobre as técnicas instrumentais, a contextualização do uso de instrumentos e sua adaptabilidade aos repertórios musicais tradicionais, etc.

À semelhança de projectos anteriores de divulgação da organologia medieval e renascentista, testados com sucesso em universidades, escolas e bibliotecas por todo o país, criámos o conceito de exposição-concerto comentado no qual apresentamos em expositors próprios um conjunto variado de instrumentos musicais, classificados de acordo com a forma de produção sonora em quatro grupos: Cordofones, Aerofones, Membranofones e Idiofones.

Preocupámo-nos também na pesquisa de repertório esquecido ou menos divulgado (particularmente valioso pela sua raridade), que valorizasse os aspectos da expressividade única de cada instrumento ou conjunto de instrumentos envolvido na sua reconstituição. O enquadramento geográfico original bem como a contextualização social da produção do repertório musical , fazem também parte das preocupações pedagógicas do nosso projecto.

Na sociedade moderna globalizada, está na ordem do dia a perspectiva de reutilização destas práticas instrumentais  fora do contexto original que as produziu e que , por via de transformações sociais e políticas se mudou profundamente. È, no entanto essencial, o conhecimento das técnicas originais correctas e mais elaboradas e das combinações instrumentais que ao longo de séculos se foram experimentando e sedimentando como habituais, acompanhando o canto ou a dança, expressando sentimentos e emoções acompanhando a ritualidade cerimonial ou lúdica, colorindo com a variada paleta sonora  os espaços de lazer do nosso povo.

É, por conseguinte, este o projecto que apresentamos com o objectivo de contribuir para o conhecimento e a revitalização das práticas instrumentais , afundadas na memória dos mais velhos e muitas vezes desconhecidas dos mais novos, contribuindo com a nossa experiência de décadas de práticas instrumentais diversas, das raízes medievais até à música contemporânea.”

pedrocaldeiracabral

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