Organizado para ser o espaço, por excelência, de reflexão e debate de temas actuais e de ideias, este colóquio em homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira pretenderá estabelecer uma ponte entre a obra do etnólogo e a realidade tal como hodiernamente se apresenta aos investigadores, teorizadores e agentes de divulgação da cultura em Portugal.
A questão que nos serve de mote – formulada por Ernesto Veiga de Oliveira, em sede bem diversa – confronta o legado e o projecto, para fazer um balanço a esse movimento, que é o estudo e divulgação da cultura popular portuguesa. Onde começa o movimento, que novas distâncias lhe ofereceu o trabalho da extraordinária equipa que homenageamos, na pessoa de Ernesto Veiga de Oliveira? Que novas distâncias se lhe oferecem, hoje, e que caminhos ficaram pelo caminho?
Este colóquio assenta, enfim, sobre muitas questões para procurar ir ao encontro dessa questão: o que é que a realidade obrigou a mudar nas metodologias e linguagens da investigação e da etnografia? Das primeiras indagações, às recolhas, até aos museus de etnologia: ainda há cultura para este tipo de abordagem? Durante todo este tempo, que fronteiras se derrubaram entre a cultura popular, a cultura culta, a cultura artística, a contemporaneidade? E que fronteiras se podem ainda forjar entre o rural e o urbano como fontes de experiência?
A fim de contribuir para a elucidação de algumas destas dúvidas, procuraremos reunir alguns dos nomes que, seja pelo seu mérito e pela sua experiência, seja pelo interesse da sua obra e dos temas que representam, actualmente mais se destacam no panorama actual da etnologia e etnografia nacionais.
São objectivos principais desta acção:
– Promover a exposição e debate de ideias e temas actuais, de interesse para a compreensão do estado presente da investigação, estudo, divulgação e exposição em etnografia e etnologia;
– Trazer a Coimbra especialistas, estudiosos, investigadores, decisores e interessados, propondo-lhes um programa diversificado, que possa ser exposto de forma clara e acessível mesmo a um público não especializado, e em que haja lugar à colocação de questões e ao debate de ideias;
– Fomentar o encontro entre especialistas e peritos, e o encontro entre estes e um público de interessados não necessariamente especializados nos temas em debate.
PROGRAMA
Sexta-feira, 4 de Junho
10:00 – 12:00 Painel I – As recolhas: passado e futuro
(Pausa para Almoço)
14:00 – 16:00 Painel II – Dinâmica das Culturas
(Pausa para Café)
16:30 – 18:30 Painel III – O Museu e a Difusão da Cultura
Sábado, 5 de Junho
14:00 – 16:00 Painel IV –Ruralidade e Urbanidade
(Pausa para Café)
16:30 – 17:30 Antestreia Documentário “Pelos Trilhos do Andarilho“
17:30 – 18:30 Sessão de Encerramento – Para que distância, movimento?
Painel I As recolhas: passado e futuro
“…até que alguma velhinha subitamente acordava a sua lembrança, e se recordava que o tio Joaquim, outrora, tocava uma coisa dessas; mas o tio Joaquim já morrera. Não saberá a filha dele onde essa coisa parará? A filha está no campo e só regressa à noite; então vamos nós ao campo, para aprendermos que a peça foi por ela dada, há alguns anos, a um afilhado que vivia na cidade. E lá fomos nós até à cidade, recomeçar aí o mesmo fadário de buscas.”
Ernesto Veiga de Oliveira, “Em Busca do Mundo Perdido”, Arte Musical, Lisboa, 1982.
A recolha, o trabalho de campo, a colecção de elementos no terreno, é um momento basilar da construção do saber em etnologia, e foi um dos domínios em que Ernesto Veiga de Oliveira, e a sua equipa, deixaram indelével cunho na antropologia em Portugal. Com este primeiro painel, pretendemos, mais do que compreender a importância desse fecundo contributo, perceber como têm evoluído os critérios, as perspectivas, os métodos e metodologias, técnicas e instrumentos, ao serviço da recolha em Portugal.
Oradores:
Paula Godinho
José Alberto Sardinha
Moderador: Julieta Silva
Painel II Dinâmica das Culturas
“… a cultura, o pensamento, as criações do povo português não estão só nos níveis eruditos (…) mas também no homem anónimo, talvez analfabeto – repositório do saber mais antigo (…) onde nós fomos beber ensinamentos, e de que proclamamos a realidade, o valor, a natureza e a beleza genuína.“
Ernesto Veiga de Oliveira, apud Benjamim Pereira, “Dados biográficos e autobiográficos de Ernesto Veiga de Oliveira”, cit.
Agentes da difusão da cultura em Portugal, os artistas, intérpretes e criadores, tanto como os investigadores ou os promotores de iniciativas de divulgação e vivificação da cultura popular, assumem hoje um papel fundamental na forma como a cultura é perspectivada pelo seu povo. Do surgimento de fenómenos como os festivais de dança e música tradicionais, à emergência da cultura popular como fonte de criação artística, é bastante a persistência de tantos, que teimam em deixar viver a beleza genuína das manifestações culturais?
Oradores:
Mário Correia
Victor Zambujo
Clara Andermatt
Moderador: Manuel Rocha
Painel III O Museu e a Difusão da Cultura
“Um museu é sempre um substituto de uma realidade, que corre o risco de atraiçoar o seu sentido mais profundo. (…) É preciso pois que ele não seja compreendido como um mausoléu onde as coisas, exiladas das forças que as criaram, se apresentem como objectos inertes, mortos, condenados a prisão perpétua atrás dos vidros dos escaparates onde se imobilizaram …”
Ernesto Veiga de Oliveira, ibidem.
Enquanto co-fundador, e director do Museu Nacional de Etnologia, Ernesto Veiga de Oliveira sempre procurou defender uma certa posição do museu de etnologia enquanto centro de difusão da cultura. Hoje, impõe-se compreender se ainda há público e cultura para preencher um museu de etnologia. Como se compõe e cresce o acervo vivo de um museu? Que estratégias podem ser, e têm sido, seguidas para promover o museu como centro de difusão da cultura?
Oradores:
Paulo Costa
Lucinda Fernandes
Moderador: Amanda Guapo
Painel IV Ruralidade e Urbanidade
Na obra de Ernesto Veiga de Oliveira predominam, claramente, os temas ligados aos meios rurais portugueses. Contudo, a etnologia em Portugal não se reduz ao estudo de uma ruralidade, tantas vezes, estereotipada, seja como a ruralidade fecunda, autêntica ou idealizada; seja como aquela ruralidade crua, absurda ou pitoresca. Mas, onde se situam o rural e o urbano, enquanto objecto da investigação em etnologia, em Portugal? Fará sequer sentido pretender que exista essa separação real entre a urbanidade e a ruralidade?
Oradores:
Domingos Morais
Moderador: Adérito Araújo
Encerramento Para que distância, movimento?
À conversa sobre a vida-obra de Ernesto Veiga de Oliveira, de Benjamim Pereira, Fernando Galhano, Jorge e Margot Dias, vão-se descobrindo as muitas obras por entre “a” obra dessa singular equipa, que com a sua devoção ilimitada, o seu rigor e sentido crítico, a sua inteligência e humor, a sua jovialidade e firme perseverança, foram sulcando os trilhos que são, porventura, o seu mais valioso legado – e a nossa responsabilidade, a assumir. Os trilhos, sim, esses trilhos tão visíveis que nos inquietam e seduzem, que abertamente nos provocam: para que distância, movimento?
Oradores:
Clara Saraiva
Benjamim Pereira
Domingos Morais
Para que distância, movimento?
Colóquio Em Homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira
4 e 5 de Junho – Casa Municipal da Cultura de Coimbra
Integrado no programa das
XIII Jornadas de Cultura Popular: Ao Encontro de Ernesto Veiga de Oliveira
Organizado para ser o espaço, por excelência, de reflexão e debate de temas actuais e de ideias, este colóquio em homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira pretenderá estabelecer uma ponte entre a obra do etnólogo e a realidade tal como hodiernamente se apresenta aos investigadores, teorizadores e agentes de divulgação da cultura em Portugal.
A questão que nos serve de mote – formulada por Ernesto Veiga de Oliveira, em sede bem diversa – confronta o legado e o projecto, para fazer um balanço a esse movimento, que é o estudo e divulgação da cultura popular portuguesa. Onde começa o movimento, que novas distâncias lhe ofereceu o trabalho da extraordinária equipa que homenageamos, na pessoa de Ernesto Veiga de Oliveira? Que novas distâncias se lhe oferecem, hoje, e que caminhos ficaram pelo caminho?
Este colóquio assenta, enfim, sobre muitas questões para procurar ir ao encontro dessa questão: o que é que a realidade obrigou a mudar nas metodologias e linguagens da investigação e da etnografia? Das primeiras indagações, às recolhas, até aos museus de etnologia: ainda há cultura para este tipo de abordagem? Durante todo este tempo, que fronteiras se derrubaram entre a cultura popular, a cultura culta, a cultura artística, a contemporaneidade? E que fronteiras se podem ainda forjar entre o rural e o urbano como fontes de experiência?
A fim de contribuir para a elucidação de algumas destas dúvidas, procuraremos reunir alguns dos nomes que, seja pelo seu mérito e pela sua experiência, seja pelo interesse da sua obra e dos temas que representam, actualmente mais se destacam no panorama actual da etnologia e etnografia nacionais.
São objectivos principais desta acção:
– Promover a exposição e debate de ideias e temas actuais, de interesse para a compreensão do estado presente da investigação, estudo, divulgação e exposição em etnografia e etnologia;
– Trazer a Coimbra especialistas, estudiosos, investigadores, decisores e interessados, propondo-lhes um programa diversificado, que possa ser exposto de forma clara e acessível mesmo a um público não especializado, e em que haja lugar à colocação de questões e ao debate de ideias;
– Fomentar o encontro entre especialistas e peritos, e o encontro entre estes e um público de interessados não necessariamente especializados nos temas em debate.
PROGRAMA
Sexta-feira, 4 de Junho
10:00 – 12:00 Painel I – As recolhas: passado e futuro
(Pausa para Almoço)
14:00 – 16:00 Painel II – Dinâmica das Culturas
(Pausa para Café)
16:30 – 18:30 Painel III – O Museu e a Difusão da Cultura
Sábado, 5 de Junho
14:00 – 16:00 Painel IV –Ruralidade e Urbanidade
(Pausa para Café)
16:30 – 17:30 Antestreia Documentário “Pelos Trilhos do Andarilho“
17:30 – 18:30 Sessão de Encerramento – Para que distância, movimento?
Painel I
As recolhas: passado e futuro
“…até que alguma velhinha subitamente acordava a sua lembrança, e se recordava que o tio Joaquim, outrora, tocava uma coisa dessas; mas o tio Joaquim já morrera. Não saberá a filha dele onde essa coisa parará? A filha está no campo e só regressa à noite; então vamos nós ao campo, para aprendermos que a peça foi por ela dada, há alguns anos, a um afilhado que vivia na cidade. E lá fomos nós até à cidade, recomeçar aí o mesmo fadário de buscas.”
Ernesto Veiga de Oliveira, “Em Busca do Mundo Perdido”, Arte Musical, Lisboa, 1982.
A recolha, o trabalho de campo, a colecção de elementos no terreno, é um momento basilar da construção do saber em etnologia, e foi um dos domínios em que Ernesto Veiga de Oliveira, e a sua equipa, deixaram indelével cunho na antropologia em Portugal. Com este primeiro painel, pretendemos, mais do que compreender a importância desse fecundo contributo, perceber como têm evoluído os critérios, as perspectivas, os métodos e metodologias, técnicas e instrumentos, ao serviço da recolha em Portugal.
Oradores:
Paula Godinho
José Alberto Sardinha
Moderador: Julieta Silva
Painel II
Dinâmica das Culturas
“… a cultura, o pensamento, as criações do povo português não estão só nos níveis eruditos (…) mas também no homem anónimo, talvez analfabeto – repositório do saber mais antigo (…) onde nós fomos beber ensinamentos, e de que proclamamos a realidade, o valor, a natureza e a beleza genuína.“
Ernesto Veiga de Oliveira, apud Benjamim Pereira, “Dados biográficos e autobiográficos de Ernesto Veiga de Oliveira”, cit.
Agentes da difusão da cultura em Portugal, os artistas, intérpretes e criadores, tanto como os investigadores ou os promotores de iniciativas de divulgação e vivificação da cultura popular, assumem hoje um papel fundamental na forma como a cultura é perspectivada pelo seu povo. Do surgimento de fenómenos como os festivais de dança e música tradicionais, à emergência da cultura popular como fonte de criação artística, é bastante a persistência de tantos, que teimam em deixar viver a beleza genuína das manifestações culturais?
Oradores:
Mário Correia
Victor Zambujo
Clara Andermatt
Moderador: Manuel Rocha
Painel III
O Museu e a Difusão da Cultura
“Um museu é sempre um substituto de uma realidade, que corre o risco de atraiçoar o seu sentido mais profundo. (…) É preciso pois que ele não seja compreendido como um mausoléu onde as coisas, exiladas das forças que as criaram, se apresentem como objectos inertes, mortos, condenados a prisão perpétua atrás dos vidros dos escaparates onde se imobilizaram …”
Ernesto Veiga de Oliveira, ibidem.
Enquanto co-fundador, e director do Museu Nacional de Etnologia, Ernesto Veiga de Oliveira sempre procurou defender uma certa posição do museu de etnologia enquanto centro de difusão da cultura. Hoje, impõe-se compreender se ainda há público e cultura para preencher um museu de etnologia. Como se compõe e cresce o acervo vivo de um museu? Que estratégias podem ser, e têm sido, seguidas para promover o museu como centro de difusão da cultura?
Oradores:
Paulo Costa
Lucinda Fernandes
Moderador: Amanda Guapo
Painel IV
Ruralidade e Urbanidade
Na obra de Ernesto Veiga de Oliveira predominam, claramente, os temas ligados aos meios rurais portugueses. Contudo, a etnologia em Portugal não se reduz ao estudo de uma ruralidade, tantas vezes, estereotipada, seja como a ruralidade fecunda, autêntica ou idealizada; seja como aquela ruralidade crua, absurda ou pitoresca. Mas, onde se situam o rural e o urbano, enquanto objecto da investigação em etnologia, em Portugal? Fará sequer sentido pretender que exista essa separação real entre a urbanidade e a ruralidade?
Oradores:
Domingos Morais
Moderador: Adérito Araújo
Encerramento
Para que distância, movimento?
À conversa sobre a vida-obra de Ernesto Veiga de Oliveira, de Benjamim Pereira, Fernando Galhano, Jorge e Margot Dias, vão-se descobrindo as muitas obras por entre “a” obra dessa singular equipa, que com a sua devoção ilimitada, o seu rigor e sentido crítico, a sua inteligência e humor, a sua jovialidade e firme perseverança, foram sulcando os trilhos que são, porventura, o seu mais valioso legado – e a nossa responsabilidade, a assumir. Os trilhos, sim, esses trilhos tão visíveis que nos inquietam e seduzem, que abertamente nos provocam: para que distância, movimento?
Oradores:
Clara Saraiva
Benjamim Pereira
Domingos Morais
Moderador: Catarina Alves
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